quarta-feira, 3 de novembro de 2010


Como entender a direção de Deus para a vida da gente? Será que isso existe, "direção de Deus" para a vida de quem crê nele? E porque a vida de quem não crê muitas vezes vai melhor?

Ah sim, são perguntas tolas que nem na Escola Dominical as professoras respondem. Quando muito, elas dizem apenas "foi da vontade de Deus", como se Deus quisesse ou permitisse que alguns de nós fôssemos infelizes ou não realizados na vida (o que acaba dando no mesmo).

A verdade é que até os crentes mais "badalados", autores de grande sucesso e carismáticos entre os fiéis não têm essa resposta. Eles têm o dom de cura, de libertação e de revelação, mas não uma resposta simples a uma pergunta igualmente simples em sua formulação, e até mesmo em seu caráter. Alguém vai dizer: "leia A Cabana". Pois não, o ser humano lê, se emociona, se surpreende com a criatividade do autor, com a facilidade que ele demonstra ao explicar a Trindade, e assim a consciência dói menos quando vem a vontade de culpar Deus pelas nossas próprias escolhas e erros.

Mesmo tendo apenas vinte e poucos anos e começando a entender o que as professoras e líderes nunca ensinaram nas células ou aulas da EBD: existem questões nas quais Deus não se mete. Não adianta pedir marido rico, fiel e até bonito (ah minha irmã, sua fé teria que mover montanhas!!!) ou um super emprego com um plano de carreira sensacional que te daria uma aposentadoria confortável para curtir com seus netos (isso se você casasse, e de preferência com aquele homem-alvo de sua oração, sim, o homem acima - além de devoção e jejuns intermináveis) ou mesmo para aquela pessoa que você tanto ama e que está à beira da morte poder aproveitar um pouquinho mais dessa vida. Se é hora dela ir, você vai pedir o quê? Pra ela ficar?


Sim, desejos legítimos. Vontades genuínas. Mas não pense que você não irá para o paredão ao pedir a Deus coisas assim.

Mas então você pergunta: se Ele diz que quem busca recebe, quem procura encontra, porque seus sonhos não se realizaram?

Porque eles não se tornaram planos ao invés de sonhos, certo?

Sim, provavelmente. Sonhos geralmente ficam na cabeça e sempre achamos que um dia eles acontecem. Planos são executáveis. São calculáveis. Tudo na ponta do lápis, na planilha do excel, nas prioridades do dia a dia.

E sonhos?

Estão lá dentro, romantizados, sem a menor labuta em cima deles, apenas olhos que brilham ao pensar que podem acontecer, ou noites enervantes em que não se consegue dormir pensando no que teria sido da vida se no ano de 2005 você não tivesse entrado naquele apartamento e se deitado com a pessoa errada...ou se você tivesse trocado de curso na faculdade e tivesse feito Direito, hoje poderia ser um juiz com salário de R$ 17,000 iniciais ou um agente fiscal...quem sabe?

Nada de dureza, nunca mais. Nada de se preocupar com a fatura do cartão de crédito, nada de esperar a troca de estação para comprar as roupas mais legais ou parcelar no cartão as comprinhas de farmácia. E aí, a culpa é de quem se não posso passar as férias na tão sonhada Grécia??? Aliás, a culpa é de quem por eu não ter férias???


É frustrante ao extremo tentar entender Deus. E sim, tem gente que acha que com Ele as coisas são muito simples. São os defensores do evangelho puro e fundamental. Tem outros que elaboram tanto a vida com Deus que andam pelas ruas repreendendo demônios ao passarem na frente de restaurantes e bares ou até mesmo ao ouvir uma música de axé. E tem aqueles que simplesmente não pensam em nada disso; aliás, não pensam em nada. E vão aceitando a vida até que toque a sétima trombeta de Sião e os anjos em cavalos alados desçam comunicando que Jesus está voltando. Nada mais 3D, hum?

Aos crentes de plantão: deve-se duvidar de tudo nessa vida. Sem as dúvidas, não damos um passo à frente. Sem as dúvidas, não há o risco, sem o risco pode não haver sucesso e, não havendo sucesso, renova-se o ciclo da insatisfação. O que também pode ser ao avesso pois quem é inteligente acaba aprendendo com o insucesso - e por aí vai. Duvidar de verdades, de mentiras, de boatos, de fatos...ou da veracidades deles.

Há tantas coisas das quais se duvidar. Mas, para nosso alento, amigos inquietos, existe uma verdade da qual a dúvida não pode se aproximar: a glória de Deus.

Digam o que quiserem. Que foi o Big Ben, que foi a partícula de pentelhésimo de um átomo que explodiu e deu vida a tudo que tem vida, mas não subestimem a inteligência de algumas pessoas ao observarem uma criança vir ao mundo.

Não há explicação científica satisfatória para uma pessoa nascer de outra. Para uma pessoa se alimentar de outra dentro dela durante nove meses e depois continuar se alimentando por um bom tempo...nada é mais assustador, nada mais encerra as dúvidas sobre a existência de Deus do que o nosso nascimento. Nada nessa vida terrena pode ser mais espetacular do que a nossa vida ser oriunda de outra até então completamente estranha e desconhecida. E aí vem a certeza: ah, queria que Darwin me explicasse isso! Daria tudo para nascer na época de suas expedições e pedir apenas que ele me justificasse o seu próprio nascimento. Com cálculos, palenteologia, geologia e todas as "gias" que conhecemos.


Enquanto isso, vou duvidando do arrebatamento, dos galardões, dos anjos de seis asas e oito olhos (que meda), das carruagens de fogo e cavalos alados voando em céus de trovão a caminho de matar a besta que arderá eternamente num lago de enxofre. Mas não deixo nem jamais deixarei de acreditar que "quando as flores não mais existirem e o tempo parar de contar; quando todas as coisas passarem, com o Pai hei de estar"!